as tormentas de Luis (www.astormentas.com)

Poema ao acaso


Eu que sou feio, sólido, leal,A ti, que és bela, frágil, assustada,Quero estimar-te, sempre, recatadaNuma existência honesta, de cristal.Sentado à mesa de um café devasso,Ao avistar-te, há pouco, fraca e loura,Nesta babel tão velha e corruptora,Tive tenções de oferecer-te o braço.E, quando socorreste um miserável,Eu, que bebia cálices de absinto,Mandei ir a garrafa, porque sintoQue me tornas prestante, bom, sudável.«Ela aí vem!» disse eu para os demais;E pus me a olhar, vexado e suspirando,O teu corpo que pulsa, alegre e brando,Na frescura dos linhos matinais.Via-te pela porta envidraçada;E invejava, - talvez que não o suspeites! -Esse vestido simples, sem enfeites,Nessa cintura tenra, imaculada....Soberbo dia! Impunha-me respeitoA limpidez do teu semblante grego;E uma família, um ninho de sossego,Desejava beijar o teu peito.Com elegância e sem ostentação,Atravessavas branca, esbelta e fina,Uma chusma de padres de batina,E de altos funcionários da nação.«Mas se a atropela o povo turbulento!Se fosse, por acaso, ali pisada!»De repente, paraste embaraçadaAo pé de um numeroso ajuntamento,E eu, que urdia estes frágeis esbocetos,Julguei ver, com a vista de poeta,Um pombinha tímida e quietaNum bando ameaçador de corvos pretos.E foi, então que eu, homem varonil,Quis dedicar-te a minha pobre vida,A ti, que és ténue, dócil, recolhida,Eu, que sou hábil, prático, viril.


jueves, 18 de marzo de 2010

GHRELOS ...








" ¿QUERE GHRELOS ou VERDURAS? "

" Sonlle da Preghrina
por catro cadelas a manchea "

Eran as vendedoras de legumes a domicilio que anunciaban cantando a súa mercaduría, con entrañable musiquiña, estimulante e inconfundible. Era nas primeiras horas da mañá do inverno, cando percorrían as rúas de Compostela, aló pola miña infancia. Polo Nadal, co ponto na escola, servíannos a miudo como despertador.

Xa non vocean para vender. Xa non venden a domicilio. Xa non son a vinte céntimos de peseta senón a dous euros.

Pro, ahí están. Continúan vendendo os ghrelos a mancheas. E nabizas, xenos, bertóns, repolos ou colflor, cebolas, allos, tomates, leituga, patacas, cenouras, porros, nabos, perixel (salsa) ...
Na Praza de Abastos de Santiago.

E os ghrelos, seguen a estar de morrer.
.

No hay comentarios:

Publicar un comentario